11.10.10

o que o vento leva

as pessoas que nos vêem crescer, são os nossos pilares, os exemplos que temos para a vida. as pessoas que nos vêem crescer sempre são admiradas por nós porque de alguma forma nos ensinaram coisas essenciais e porque, afinal de contas, há na nossa forma de ser um bocadinho de cada uma delas. essas pessoas, e falo das pessoas realmente especiais e próximas, acompanham-nos de uma forma muito atenciosa. são preocupadas e conselheiras. apaparicam-nos da forma que melhor sabem e vêem em nós uma esperança. para nós, essas mesmas pessoas, por serem aquelas que sempre tivemos do nosso lado, são vistas como as mais fortes. e pensamos: nunca nada de mal lhes pode acontecer porque elas ensinaram-nos a viver, a respirar e induzem-nos a sonhar. essas pessoas nem sabe a importância que possuem na nossa vida e essa importância passa até por pequenos gestos como nos perguntarem o que queremos para o almoço, se temos roupa para pôr a lavar quando chegamos a casa, se está tudo bem na universidade... são os sorrisos e as palmadinhas nas costas que nos dão animo e é por todo esse conjunto de situações que me sinto em casa, quando estou em casa.

mas essas pessoas também sofrem, essas pessoas também são vítimas da vida que nos ensinaram a encarar. também choram. também se magoam. e para mim isso dói. e dói mais não poder fazer nada. há muito tempo que os chocolates que o meu avô trazia ao sábado do mercado, para comermos à sexta feira (era regra), acabaram. e há muito tempo, também, que a vida deu sinais de mudança. para pior. as memórias ficam e são tão boas. têm cheiro a bolachas de morango e som de Mozart no pequeno rádio. e agora, quando me deparo no hospital, sem saber o que poderá acontecer, tudo isso passa por mim como um filme demasiado rápido para poder saborear. não sabemos o dia de amanhã. sabemos apenas que a família pode encolher. sabemos que as pessoas se perdem ainda que fisicamente. depois vem a saudade. a presença, a voz, acabam. só ficam sinais de quem por um dia ali passou mais uma jornada. e fez feliz uma família que viu crescer.

1 comentário:

Cat disse...

Sem palavras J. Chegou a tua vez de ser o pilar do teu próprio pilar.

Um abraço, sim hoje é um forte abraço