29.9.11

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no outro dia disse à minha mãe que achava que estava a ficar velha, com mentalidade de velha. comecei a gostar de acordar muito cedo para aproveitar a manhã, fazer um bom pequeno-almoço e saboreá-lo muito calmamente, dou por mim a demorar uma hora e mais numa refeição. as refeições sentada na cama acabaram, agora é tudo à mesa, muito bem comportadinha para chegar até ao meu cérebro que estou a comer (!) e não aldrabar em nada. dou por mim a contemplar determinadas coisas no supermercado, vou na rua e páro em frente a uma pastelaria só para desfrutar do maravilhoso cheiro a pão que dela sai, entre tantas outras situações...
ontem eram cerca de 23 horas quando fui até à cozinha preparar o meu cappucino quando me apercebo que sou a única em casa e que tinha passado as últimas três horas a ler, sem dar pelo tempo passar. apercebi-me de que era noite de arraial, apenas e só pelos estados do facebook e não me incomodou nada não saber. desliguei dessas coisas porque deixaram de fazer sentido na minha vida. antiquada? velha? simplesmente só consegui achar alguma piada a um arraial quando ia para lá extremamente bêbada e naquele estado de graça em que já se acha piada à mais pequenina formiga que estiver a passear no chão. as pessoas passam pela minha rua- extremamente movimentada, diga-se- aos berros, gritam pelos seus cursos, cantam e eu penso que o meu tempo para aquilo simplesmente já passou. ontem também, ao falar com o I. apercebemo-nos de como já não temos paciência para certas coisas que antes já tiveram uma importância exagerada nas nossas vidas. por um lado deixa-me feliz aperceber-me de que estou a deixar coisas de lado e não só por me aperceber disso, mas também porque tenho plena consciência de que é um acto pensado, natural como crescer. é claro que continuo a adorar divertir-me (that's not the point), simplesmente de outras formas, com outras pessoas, noutras ocasiões. as prioridades mudam, as situações a que somos expostos fazem-nos perceber de que a vida está, realmente, nos detalhes e eu estou nessa fase: quero saborear os detalhes e deixar-me envolver pelos pormenores. nunca me deu tanto gozo desligar o computador e passar horas a ler, a beber algo quente. nunca me deu tanto gozo cozinhar, comprar os alimentos do dia-a-dia (rúcula ftw!), passear pelas ruas e sentir os cheiros. no final da conversa com a minha mãe, ambas concluímos que não, não estou velha (oh, que descanso!) mas que estou apenas numa fase de transição e a ter plena consciência disso. até agora adoro a minha vida, ou começo a adorar. se tenho receio de um dia me ter arrependido de não ter feito muita coisa? tenho sim. continuo a ter ânsia de viver mas fazer as coisas que mais gostamos, é ter vontade de viver. agora sim, estou a adorar a minha vida e a começar a gostar de mim. é ao que quero dar importância agora. por isso, vou trocar as noitadas por bons livros, vou continuar a parar nas ruas para sentir o cheiro a pão (do qual tenho tantas saudades), vou continuar a barafustar cada vez que passar por uma pizzaria e ficar mocada com o cheiro dos oregãos e da pizza estaladiça e deliciosa e cheia de queijo, que eu ainda não posso comer, continuar com as nossas viagens, os nossos passeios, as idas ao cinema, enfim, porque é isto que eu quero: ir de encontro aos meus objectivos e às metas que tracei. go girl!   

1 comentário:

sophia disse...

e quem fala assim não é gago. mai nada!