dia 1# - milano

com uma vida com tantos percalços e ainda sem querer comemorar o facto de irmos realmente fazer esta viagem, rumámos directo ao porto para apanhar o avião para Bergamo onde passámos uma das melhores noites que já tivemos! se dormimos 2h foi muito. o aeroporto estava transformado em dormitório dos pobres e o desleixo era geral. ninguém se importava se ressonava, se estava a salivar, se tinha partes do corpo à mostra: o objectivo era dormir. o nosso spot foi um chão muito fresquinho por sinal, que me deixou o rabo dorido durante todos os dias da viagem e que me deve ter feito um qualquer tratamento de beleza às pernas com a sua acção de gelo. isto tudo porque chegámos lá às 22:30 h e como o orçamento era reduzido não quisemos passar a noite em hotéis nem ir para o centro de Milão àquelas horas. sempre bem acompanhados de sandes de atum e oreos, ali fizemos uma directa, todos contentes, à espera que o tempo passasse e que pudéssemos finalmente partir à descoberta.

   

o tempo passou e a hora de rumarmos a Milão tinha chegado. saímos do aeroporto sensivelmente às 5h30 da manhã e chegámos lá às 6:20h. fomos de autocarro, desta vez mais quentinhos. um autocarro vazio que se fazia descobrir por entre o nevoeiro em autoestradas italianas. a chegada a Milão foi um choque. posso dizer que foi dos sítios onde passei mais frio na minha vida e acreditem que ia agasalhada! o autocarro deixou-nos mesmo na estação central, pelo que resolvemos entrar num dos cafés que estava aberto e que para nosso espanto vendia croissants (enjoámos de croissants e do seu cheiro nas ruas de Milão e confirmámos que os croissants lá são moda!). resolvemos então comprar um croissant - que nos valeu um rico enjoo mais tarde - só para podermos estar 15 minutos sentados a uma mesa, recolhidos do frio e um bocadinho mais seguros: estávamos à espera que ficasse de dia para conseguirmos ir visitar a cidade.

o nevoeiro era imenso e não conseguíamos ver nem um palmo à nossa frente. entretanto seguiram-se algumas "piscinas" nas galerias vitorio emanuelle II e claro, o mac donald's para nos salvar do frio (e de certas necessidades fisiológicas) mais uma vez: um facto que se repete em todas as nossas viagens por esse mundo fora.

foi simplesmente assustadora a altura em que me apercebi que tínhamos um monumento tão grande que é o duomo de Milão mesmo à frente dos nossos olhos e não o conseguíamos ver com o nevoeiro que estava! mais tarde pudemos concluir que é uma obra, toda ela gótica, de cortar a respiração.

em Milão conseguimos sentir o que é ter o cérebro pressionado de tanto frio, dor a respirar, não sentir em nada do que se toca com tanto frio que estava! as pessoas lá pareciam estar na maior... mas nós pelos vistos somos pessoas muito friorentas!

em Milão estivemos apenas algumas horas, apenas queríamos conhecer o principal da cidade e digamos que não somos pessoas muito interessadas em marcas e em gastar dinheiro, por isso sabíamos que tínhamos de dar prioridade a outros locais com mais interesse para nós. de lá trazemos, principalmente, a recordação do (e volto a sublinhar) frio e nevoeiro que se fazia sentir, do sofrimento que passámos e da loucura da nossa directa a começar a fazer efeito. depois de Milão seguia-se o comboio para Florença às 10h da manhã.

(to be continued...)