Começo esta descrição, muito resumida, de uma das viagens da minha vida, com algumas confissões que, no fim, apenas se revelaram falsos pensamentos de alguém profundamente pessimista. Como sempre, para fazer juz ao meu feitio, estive até sexta-feira, dia 3 de Abril, à espera de cair em mim e realmente perceber que ia a Paris, uma das minhas viagens de eleição. Mas, sem efeito. Vim de lá e mesmo assim parece que foi tudo um sonho. Um sonho realmente bom, como há muito tempo não tinha um. Posso dizer que vivi cinco dias que vou guardar pra sempre, até ao mais ínfimo detalhe e, por mais textos que faça, não vou conseguir transmitir o quão mágico foi e a quantidade de lugares, pessoas, cheiros e sentimentos aquela cidade nos proporcionou. As palavras têm um poder infinito mas há coisas que elas ainda não conseguem explicar, não é?! As coisas por aqui não corriam muito bem, estava triste e desanimada e até considerei que a viagem não vinha na melhor altura. Contudo, nunca nos passando pela cabeça cancelar, rumámos a Lisboa, mais propriamente ao aeroporto, onde íamos embarcar no vôo da EasyJet pelas 13:35h. Check-in já feito pela internet para evitar filas, de mochila humilde em punho, muitos rolos dentro, muitas máquinas dentro e muita expectativa no olhar lá fomos nós. O vôo decorreu sem quaisquer preocupações, apesar de ser a primeira vez do I., ele disfarçou muito bem e até conseguiu levantar-se para ir à casa-de-banho. (Já repararam na ambiguidade de sentidos da frase anterior?) Adiante, aterrámos em Charles de Gaulle e, como grande que é, corremos até à outra ponta, enfiámo-nos no comboio e fomos até à primeira estação que tinha ligação para a linha em direcção ao nosso hotel. Aí tivemos os primeiros sinais que estávamos em Paris. Senti-me recortada do meu mundo e colada directamente num filme francês, quando três homens que carregavam, cada um, um contra-baixo e dois acordeões entram na nossa carruagem e, de sorriso de orelha a orelha, nos presenteiam com músicas tipicamente francesas, exactamente aquelas que nos transportam para a cidade do amor. Foi um momento mágico, adorei! Estes três senhores viriam no fim, com uma incrível e boa coincidência, terminar a nossa viagem em Paris, dali a quatro dias. Na nossa primeira viagem por Paris, não a mais bonita é certo, porque como em Portugal aqueles caminhos estavam recheados de sinais de vandalismo. Porém, numa dada altura, quando nos começámos a aproximar da cidade, vimos logo os traços diferentes das casas e o estilo diversificado das pessoas. A viagem corria quando ao fundo, lá bem ao fundo, avistei algo que me cortou a respiração e que me fez soltar, com um ar maravilhado, um "Uau!", era a Sacré Coeur. Sim, definitivamente, estavamos em Paris! Não nos tínhamos enganado. Contudo, neste primeiro dia, não fizemos muito mais devido ao facto de já termos chegado um pouco tarde a Paris e ao facto da viagem do aeroporto até ao hotel demorar uma hora. Estavamos cansados, já era tarde e resolvemos que era preferível recarregar baterias para, no dia a seguir, acordármos bem cedo e explorar aquela cidade de uma ponta a outra, até à exaustão. Não nos enganámos no metro, graças ao sentido de orientação do I. e fomos até ao hotel sem problema algum. Ficámos hospedados no hotel Ibis Porte de Bercy, em Bercy. Foi uma estadia muito boa mas estavámos em Paris, o que importava o hotel?