6.7.09

"Hoje demos mais um passo em direcção ao eterno."

Caminhou até à bilheteira para comprar o bilhete que lhe daria a possibilidade de satisfazer um dos seus maiores desejos. Em cima da hora, a passos largos, percorreu todo o caminho e dirigiu-se para o único comboio que estava parado na estação à espera da hora para prosseguir viagem. Eram 14:05 e o seu coração palpitava com um misto de emoção e ansiedade. Sentia-se de novo como se estivesse a viver um dos seus primeiros actos de amor numa loucura perfeitamente consciente e contida. Nada de demonstrações, apenas um grande calor no coração. Sentou-se e esperou as horas passar enquanto se embrulhava na história de um livro que lia à velocidade da luz. Têm sido os livros, esses companheiros de longa data, o seu grande refúgio. As histórias de outras pessoas, as vidas de personagens que conhece através de palavras, o cheiro das páginas, a textura, esses sim, têm feito parte da sua vida para substituir o vazio e a falta de novos caminhos e novas coisas para fazer. Ia interrompendo a sua leitura quando avistava a paisagem lá fora. Adorava apreciar os campos verdes nesta época do ano. Estava um dia muito bonito e apesar das circunstâncias não havia porque não sorrir e deixar que toda aquela claridade entrasse na sua alma e a deixasse mais reconfortada. Ultimamente era só ela. Ela e a vontade de ser mais e melhor para poder consolar os que estão ao seu redor. Ultimamente sabia que tinha de ir arranjar forças ao lugar mais longínquo que conhecia, mas ela ia. Porque sabia que todo esse esforço valia a pena. Ali, sentada naquele banco de comboio pensava no cansaço que sentia. No acumular de coisas que aconteceram nos últimos meses e na vontade de toda esta fase terminar. Pensava no quão esta fase da sua vida era parecida com outras que já tinha passado e a questão "porquê?" era inevitável e mora na sua cabeça desde então. Chegada ao destino, não houve mais tempo para pensar em nada senão actuar consoante a sua intuição e a sua vontade. Percorreu a cidade, apanhou o autocarro que a levava ao destino seguinte, observou as pessoas, a vida dos que caminhavam nas ruas e na agitação de uma cidade maior daquilo a que está habituada. Chegada, ao seu destino final, uma enorme pressa invadiu as suas pernas e a vontade de se encontrar com ele era realmente grande. A saudade... A saudade que não sai do seu coração há dias, não tinha forma de a abandonar por mais que fizesse e naquele momento era a saudade que a fazia caminhar apressadamente em busca do seu objectivo: vê-lo. Só queria senti-lo, ouvir a sua voz, receber o seu sorriso e a sua luz. Dirigiu-se ao elevador, carregou no botão correspondente ao andar ao qual queria ir e esperou. Por entre o entrar e o sair de pessoas e toda aquela confusão, não havia forma daquela ansiedade toda a largar nem por um segundo. Foi a sua vez. Andou mais um pouco e encontrou-o. O seu mundo parou, caminhou até ele como que se estivesse a ser comandada por uma força superior. Sorriu e esperou por uma reacção... Não havia palavras. Uniram-se num abraço terno e caloroso e permaneceram assim. Ambos sentiram que hoje tinham dado mais um passo em direcção ao eterno. E hoje finalmente ela conseguiu escrever um pouco do muito daquilo que sente e está trancado a sete chaves. Hoje ela conseguiu com que as suas mãos percorressem as letras deste teclado e escrevessem frases com sentido. O dia de hoje ficou marcado pela história deles, porque por muitos comboios em que andem, ambos sabem quem lá irão encontrar: um ao outro.

2 comentários:

paperdoll disse...

ai ó joana. bonito! :)

J. disse...

ai ohiana :)