8.7.09

Silêncio

Aquele cansaço estava a matá-la. Já não sabia como estar, o que dizer. A falta de força e de coragem estavam a tomar parte do seu corpo e isso transmitia-se pela sua fraqueza. As vozes dos outros em seu redor pairavam na sua mente sem nunca assimilar o que lhe era dito. Os gestos eram iguais a todos os dias, as atitudes as mesmas... Não havia nada de diferente, apenas uma monotonia excessiva que a estava a levar ao limite do cansaço. Ao longo do dia, os seus pensamentos paravam no tempo, tentava pensar nas coisas com mais calma de forma a fazer sentido: já não conseguia. A força do cansaço era maior do que a sua vontade de querer esclarecer a sua mente. Os seus dias eram iguais a todos os outros, os pensamentos, os actos e os gestos diários, os mesmos. Já não sabia como lidar com isso. Sentia-se à beira de um abismo um pouco menos obscuro do que aquele a que a tinham habituado mas ainda assim, duro de suportar. Não havia forma de os caminhos tomarem outro destino, não havia forma de fazer sol na sua alma. O estado do tempo sempre tinha reconfortado o seu corpo mas nem agora isso chegava. Estava sol, mas chovia dentro dela. Lágrimas invisíveis de uma dor sofrida em silêncio. Uma dor que dói sempre mais que a vísivel, sempre mais do que a que é perceptível, com a que se pode partilhar com os outros, com os que nos querem bem e nos confortam de variadas maneiras. Agora deambula, entre um silêncio capaz de a levar à loucura ou até com uma felicidade puramente falseada e das memórias dos dias de sol que algum dia teve. O tempo corre mas há dor que fica, há feridas que são feitas e nunca saram, apenas caiem no esquecimento que é o erro que o tempo a mais provoca.

1 comentário:

paperdoll disse...

tempo a mais pode ser bom. acho que não se deve adiar as deambulações físicas e mentais, têm que acontecer mais cedo ou mais tarde.

sabemos que melhores tempos virão, seja com quem for, quando for ou onde for! don't they always? :)